ABSTRACT
Atentas à necessidade de olhar o lazer a partir de uma perspectiva outra, assumimos a opção decolonial movidas por nossas experiências de pesquisa. Apresentamos nesse ensaio argumentos conceituais do debate decolonial construídos na América Latina a partir de uma incursão teórica. Nosso olhar parte de estudos, concluídos e em andamento, com mulheres em situação de rua, mulheres negras, povos indígenas e sobre as manifestações culturais do Festejo do Tambor Mineiro e do BoiBumbá de Parintins. Essas experiências empíricas nos movem a um pensar outro que confronte as estruturas hegemônicas coloniais. A partir da discussão sobre temporalidade, cultura e educação dentro de uma perspectiva contra-hegemônica, buscamos construir pontes entre o campo de lazer e a decolonialidade. Assim, ressaltamos a necessidade de lançar um olhar a partir das práticas sociais, especificamente nossos contextos de pesquisa, e fazer ressoar vozes e perspectivas de mundo que operam com outras lógicas para nos orientar e fornecer contribuições na direção de um lazer decolonial ou ainda de uma possível construção decolonial do lazer.
Aware of the need to look at leisure from another perspective, we assume the decolonial option promoted by our research experiences. In this essay we present conceptual arguments of the decolonial debate built in Latin America from a theoretical incursion. Our view is based on studies, concluded and in progress with women on the street, black women, indigenous peoples and cultural manifestations of the Festejo do Tambor Mineiro and Boi-Bumbá de Parintins. These empirical experiences take us to a different thought that confronts the colonial hegemonic structures. From the discussion on temporality, culture and education in a hegemonic perspective, we seek to build bridges between the field of leisure and decoloniality. Thus, we emphasize the need to take a look at social practices, specifically our research contexts, and make voices and perspectives of the world resonate that work with other logics to guide us and provide contributions towards decolonial leisure or even a possible decolonial construction of leisure.
Subject(s)
Leisure ActivitiesABSTRACT
Este estudo identifica e analisa as práticas de lazer e a cultura no cotidiano da Comunidade dos Arturos, Contagem- MG. Localidade marcada por um número expressivo de escravos, o que possibilitou a resistência de manifestações culturais de origem africana. Abordamos a história e a identidade, com ênfase na apropriação que fazem em relação aos espaços da Comunidade e suas tradições. Metodologicamente utilizamos a observação e as entrevistas semiestruturadas, elaboradas a partir de três eixos norteadores: o de identificação das práticas de lazer da comunidade; identificação dos espaços e apropriação dos mesmos; identificação de práticas infantis. Compreendemos com esta pesquisa que as práticas de lazer e a relação das crianças com o brincar nestes espaços apresentam, para além do lúdico, uma identidade cultural valorizada e cultivada pela comunidade para perpetuação dos saberes de seus antepassados.
This study identifies and analyzes the leisure practices and culture in daily life of the Comunidade dos Arturos, Contagem MG. This location was marked by the large number of slaves, which made it possible to maintain the African's cultural manifestations. We approach the history and the identity of the Community, with an emphasis on how they appropriate the space and their traditions.Methodologically, we used observation and semi-structured interviews, elaborated from three points: the identification of leisure practices of the community; identification of spaces and their appropriation; identification of children's leisure practices. We understand with this research that the leisure and the relation of the children with the play in these spaces present, besides the playful dimension, a cultural identity valued and cultivated by the perpetuation of the knowledge of their ancestors.